QUANTO MENOR MELHOR: O MUNDO NANO NOS ALIMENTOS

O que é nanotecnologia?

Pode ser definida como a ciência ou atividades ou eventos que englobam escala muito pequena, em escala nanométrica (1) (a bilionésima parte de algo)! É uma área inovadora que está sendo amplamente utilizada na indústria farmacêutica, cosmética e alimentar ao redor de todo mundo.

Por que utilizar a escala nanométrica em alimentos?

O consumidor moderno não quer simplesmente uma comida rápida, prática e saborosa, mas também a produção mais saudável e que agregue possíveis efeitos nutracêuticos, funcionais ou sejam o mais natural possível. A indústria de alimentos está drasticamente diferente de algumas décadas atrás, a redução de açúcar, sódio e a busca pelo menor número de aditivos químicos sintéticos tem sido um dos maiores desafios da última década. Ademais a nova geração saúde deseja potencializar as vantagens de alguns compostos ativos.

Pensando nisto a ideia de utilizar uma quantidade muito pequena de algum composto de interesse e maximizar sua resposta é uma das viradas de chave que tem chamado a atenção de pesquisadores do mundo todo.

Imagine que você precisa atravessar uma barreira com orifícios muito pequenos, como a membrana de uma bactéria, para destruí-la é necessário que o ativo penetre seu interior; para tal precisa-se de gotículas diminutas como nanogotas.

Agora transporte este microrganismo para um alimento. E se fosse possível utilizar um óleo essencial ou produto natural que, se penetrar o interior dos microrganismos, consegue inibir seu crescimento aumentando a segurança e vida de prateleira deste produto? Lobato et al. (2) desenvolveu microcápsulas de óleos vegetais e reuniu uma série de estudos demonstrando o uso de óleo de canela em leite pasteurizado, óleo de linhaça em sorvete, pão de trigo, suco de laranja, óleo de tomilho em bolo, entre outros.

O uso de nanoemulsões, nanogotículas, lipossomas e outras formas têm permitido a liberação de componentes de interesse para aumentar a durabilidade do que consumimos e para melhorar a qualidade de vida de quem consome.

Estudos demonstraram que nanopartículas de caseína contendo ácido fólico permitiram a absorção da vitamina apenas no intestino aumentando consideravelmente seus níveis no sangue (3). Outro exemplo potencial é o licopeno presente no tomate que previne câncer, doenças cardiovasculares e é antioxidante; imagine que um iogurte contendo licopeno nanencapsulado pode conter o equivalente a vários tomates e sem ter o sabor do fruto (4).

Nos últimos anos o açafrão vem sendo pesquisado para comprovar efeitos anti-inflamatórios e protetores, como é um potente antioxidante pode prolongar a vida útil de diversos alimentos e aliar benefícios. O uso de pequenas quantidades em nanocápsulas pode ser uma alternativa tecnológica para obter tais resultados (5).

Agora se o objetivo for apenas eliminar os compostos sintéticos vale destacar que nanopartículas de carotenoides de pimentão vermelho podem ser uma opção interessante para substituição de diversos corantes utilizados atualmente pela indústria alimentícia. Se o componente fosse apenas misturado a uma matriz alimentícia iria se degradar rapidamente e perder a função, já nanoencapsulado está protegido de fatores externos e mais solúvel em água (6).

Já o uso de nanobiossensores permite a detecção de microrganismos, toxinas e aditivos que são visualizadas por alterações colorimétricas, por exemplo (7). Análises que levariam horas podem ser feitas em apenas algumas horas ou minutos permitindo o rastreamento de fraudes e de produtos com qualidade comprometida.

Seja para aumentar a validade, a qualidade ou tornar um alimento mais natural a nanotecnologia é uma das maiores inovações com potencial para inúmeras novas técnicas, componentes e sistemas que visem a liberação de partículas em escala nanométrica de forma segura e controlada.

Ainda há muito a ser explorado, mas o fato é que o mundo nanotecnológico está cada vez mais próximo das nossas mesas!

REFERÊNCIAS

1. Marques EF. Da nanociência à nanotecnologia A realidade do futuro. Revista de Ciência Elementar, 2014; 2.[A1] 

2. Lobato JM. et al. Nanoencapsulação de óleos vegetais por coacervação complexa. Avanços em ciência e tecnologia de alimentos, 2021; 4(25): 389–402

3. Penalva R. et al. Casein nanoparticles as carriers for the oral delivery of folic acid. Food Hydrocolloids; 2015;44: 399-406

4. Bazana[A2]  et al. Nanoencapsulação de licopeno em alimentos Ciência e Natura, Ed. Especial-Nano e Microencapsulação de compostos bioativos e probióticos em alimentos, 2015; 37: 38 – 48

5. NETO, L. T. NANOCÁPSULAS POLIMÉRICAS CONTENDO ÓLEO ESSENCIAL DE Curcuma longa. In: Anais do 10º SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO; 2018; Santana do Livramento, Brasil. Santana do Livramento: SIEPE Universidade Federal do Pampa V Santana do Livramento; 2018.

6. ANTUNES, N, L, P. Produção de nanopartículas de carotenoides de pimentão vermelho: caracterização e aplicação como corante alimentício. Niterói. Tese [Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a Produtos para a Saúde]  Universidade Federal Fluminense; 2020.

7. OLIVEIRA, A.E.F; PEREIRA, A.C. Biossensores e a Indústria Alimentar – Revisão. Rev. Virtual Quim. 2016; 8: 1311-1333 [A3] 


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