BENEFÍCIOS DA DEFUMAÇÃO LÍQUIDA

¹ Curso Técnico em Alimentos, Instituto Federal Goiano- Campus Morrinhos

Palavras-chaves: Fumaça líquida; aroma; conservação

A defumação dos alimentos em geral é realizada pela impregnação de essências aromáticas que se desprendem da combustão lenta da madeira, que deve ser criteriosamente escolhida. Entre as recomendadas estão o eucalipto, ipê, pau-ferro, jabuticabeira, goiabeira, jacarandá, aroeira e paraju. Podem ser defumados vários tipos de alimentos como queijos, carnes etc. Com intenção de lhes conferir sabor e sendo um método de conservação que aumenta a vida útil. Também agrega valor a produtos como linguiça, salame e outros. A fumaça depositada na superfície dos produtos inibe o crescimento de vários tipos de bactérias. A defumação, por si só, não atua 100% no processo de conservação, devendo ser sempre aliada a outras técnicas. A fumaça tem um efeito conservante que, associado ao calor, resulta na redução da umidade, essencial no controle do desenvolvimento de microrganismos. Muitos componentes da fumaça têm efeito bactericida e desinfetante. Ainda, há na fumaça o efeito dos fenóis que, por serem antioxidantes, inibem a oxidação das gorduras e evitam o sabor de ranço (1).

O processo de defumação líquida é um dos métodos de defumação mais rápidos, consistindo geralmente na imersão do alimento em solução aquosa de extratos líquidos da fumaça, conhecida comercialmente como fumaça líquida. A defumação líquida pode ser aplicada em uma grande variedade de alimentos, como carnes, pescados e queijos, inclusive podendo ser aplicada em alimentos que não são tradicionalmente defumados (2; 3).

A fumaça líquida é obtida pela queima de materiais ricos em celulose, hemicelulose e lignina. Sua composição é influenciada por fatores, como o tipo de madeira utilizada e temperatura de combustão da madeira e afeta o pH, o sabor e a durabilidade do armazenamento do produto. É possível encontrar compostos de diversos grupos na fumaça líquida, como álcoois, ácidos, carbonilas e fenóis, sendo os fenóis os principais responsáveis pelo sabor de defumado (4). O processo de defumação líquida de alimentos com tratamento térmico a altas temperaturas ou contato direto com gases de combustão pode desencadear a formação de altos níveis de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) nos alimentos. Os HPAs são compostos orgânicos formados por carbono e hidrogênio e que possuem dois ou mais anéis aromáticos condensados em sua estrutura. São gerados pela combustão incompleta ou pirólise de matéria orgânica, sendo reconhecidos por sua toxicidade e pelo seu potencial carcinogênico para animais e para o ser humano (5).

Por se tratar de um método de defumação indireta, onde o alimento não entra em contato direto com a fumaça produzida pela queima da madeira, a defumação líquida pode reduzir significativamente a quantidade de HPAs nos alimentos defumados, além de apresentar outras vantagens, como menor poluição ambiental, maior uniformidade na cor e sabor e alta deposição de substâncias oxidantes. Pelos motivos citados, a defumação líquida tem substituído cada vez mais a defumação tradicional (5).

As legislações europeias e norte-americanas não apresentam diferenças sensíveis. Nos Estados Unidos, a fumaça líquida é considerada como GRAS (Generally recognized as safe) e, como tal, não requer outras autorizações antes de serem usadas. Segundo as normas do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a fumaça líquida pode ser usada como parte de um processo ou como ingrediente. As aplicações por atomização, irrigação/chuveiro ou imersão fazem parte de um processo e permitem que o produto seja chamado de defumado, sem que seja necessária mais nenhuma outra menção. Na Europa, a fumaça líquida está incluída na classificação geral dos aromas (Diretiva Europeia 88/388). Embora seja um produto 100% natural, não pode usar o termo “natural”. Quando usada em processo, a fumaça líquida não requere nenhuma menção; quando incorporada como ingrediente, deve ser feita a menção na etiquetagem de “aroma de fumaça” ou, simplesmente, “defumado”. Segundo a Legislação brasileira, o aroma de fumaça pode designado como “aroma natural de fumaça”, “aroma idêntico ao natural de fumaça” e “aroma artificial de fumaça”, de acordo com os ingredientes utilizados e/ou processo de elaboração (6).

Diversos métodos de tratamento e tipos de madeira podem ser empregados para produzir fumaças líquidas com vários graus de intensidade de cor e sabor. Uma das madeiras mais tradicionalmente empregadas na produção de fumaça líquida é a hickory (nogueira da América do Norte), no entanto, outras madeiras também podem ser utilizadas (2)

REFERÊNCIAS

  1. Bressan MC. Produtos carneos e defumados mais sabor e maior valor agregado. Departamento de Zootecnia da UFLA, 2002.
  2. Duarte CV, Vieira RP, Gherardi SEM. Fishburguers de tilapia-do-nilo (Oreochromis niloticus) com e sem adição de fumaça líquida. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, 2017; 11: 2382-2396.
  3. Ribeiro CFA, Park KJ, Hubinger M. D, Ribeiro SCA, Araújo EAF. Tecnologias para conservação do pescado amazônico. Archives Of Veterinary Science: Inclusão Social. 2018, 12: 80-94.
  4. Ali F, Cundari L, Miskah S, Prasetyo H. Effect of Variations Concentration LIRA, et al. [13] INOVAÇÃO, GESTÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROINDÚSTRIA. RECIFE. II CIAGRO 2021 and pH of Liquid Smoke in the Immersion With Various Types of Fish. Atlantis Highlights in Engeneering, v. 7, 2021.
  5. Mozaner LQ, Almeida AP, Silva SA. Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos: uma revisão sobre metodologias de análise e níveis de contaminação em produtos cárneos defumados. Revista do Instituto Adolfo Lutz. 2019; 78: 1-21.
  6. Schwert R. Uso de fumaça líquida em linguiça tipo calabresa cozida e defumada [dissertação]. Erechim: Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, 2009.
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